STF decidirá sobre suspensão de inquérito de Temer; áudios serão periciados
O Supremo Tribunal Federal (STF) vai analisar em plenário, na próxima quarta-feira (24/5), o pedido da defesa do presidente Michel Temer para suspender o inquérito que corre contra o peemedebista. O gabinete da presidente da Corte, Cármen Lúcia, informou que o pedido de suspensão do inquérito “foi oficiado pelo ministro relator à presidência do STF, e será levado ao colegiado na próxima quarta-feira”. Com isso, os 11 ministros do Supremo irão decidir sobre a continuidade ou paralisação do inquérito.
O ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, também encaminhou para a Polícia Federal os autos do inquérito para perícia no áudio gravado pelo delator Joesley Batista em conversa com Temer.
No início da tarde deste sábado, 20, Temer anunciou em pronunciamento que iria pedir ao Tribunal a suspensão do inquérito em que ele é investigado até a análise do material. De acordo com Temer, a gravação foi “manipulada e adulterada”. O advogado de Temer, o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, argumentou em manifestação protocolada no Supremo nesta tarde que há indício de suposta edição na gravação feita por Joesley.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a Fachin a continuidade do inquérito que investiga o presidente Michel Temer, mas não se opôs à realização de uma perícia no áudio em que o peemedebista conversa com o delator Joesley Batista, do Grupo J&F.
Janot aponta que a gravação é “harmônica e consentânea” com o relato dos delatores do grupo J&F. “Nao obstante, embora certo de que o áudio não contém qualquer mácula que comprometa a essência do diálogo, o procurador-geral da República não se opõe à perícia no áudio que contém conversa entre Michel Temer e Joesley Batista no dia 7 de março de 2017, no Palácio do Jaburu”, escreveu Janot. Ele destaca na manifestação ao STF que a perícia deve ser realizada sem suspensão do inquérito, que serve, segundo Janot, “justamente para a apuração dos fatos e para a produção de evidências, dentre elas perícias técnicas”.
Conversa. A conversa entre Joesley e Temer ocorreu no início de março, no Palácio do Jaburu. No encontro, o empresário narra ao presidente da República medidas que têm adotado para contornar as investigações que recaem sobre ele e a JBS, entre elas o pagamento de uma mesada a um procurador da República para obter informações privilegiadas.
Joesley também pergunta ao presidente quem é o interlocutor do peemedebista e recebe de Temer a indicação do nome do deputado Rodrigo Rocha Loures. Em conversas com Loures, também gravadas, Joesley negocia o pagamento de propina e realiza a entrega de R$ 500 mil em dinheiro – o que foi flagrado em gravação feita numa ação controlada pelos investigadores.
O presidente também ouve de Joesley sobre o ex-deputado Eduardo Cunha (PMBD) e o operador Lúcio Funaro, ambos presos na Lava Jato. Após Temer dizer que o deputado cassado tenta fustigá-lo, Joesley diz que está em bom relacionamento com Cunha. O presidente responde: “Tem que manter isso, viu?”, ao que Joesley diz “Todo mês”. Em delação premiada, o empresário relata ter indicado a Temer que faria pagamento a Cunha. O presidente nega ter sido esse o conteúdo da conversa.
Em nota, a J&F afirmou que “não há chance alguma” de ter havido edição da gravação e que “Joesley Batista entregou para a Procuradoria Geral da República a íntegra da gravação e todos os demais documentos que comprovam a veracidade de todo o material delatado”.
A PGR realizou uma análise prévia do áudio, que verificou que o arquivo apresenta “sequência lógica”.
Fonte: A Redação (Agência Estado)